Sic transit gloria mundi #14
Nunca me foi fácil tomar uma posição ou perceber de que lado poderá estar a razão na questão que opõe Israel à Palestina (ou vice-versa). Parece-me uma questão intrincada, com contornos históricos e sociais que se enraízam profundamente na vida de ambos os povos, de difícil resolução. Dúvidas acerca do comportamento israelita para com os palestinianos... deixei de as ter assim que tentei perceber melhor e me informei mais acerca da questão. Para tal muito contribuiu o Festróia 2004, festival para o qual trabalhei, que nesse ano possuía um ciclo temático acerca deste conflito. Pude então visionar (mais) alguns documentários (independentes), que muito me elucidaram.
Ontem tive oportunidade de ver mais um, na 2:, que se intitulava "Checkpoint". Versava sobre os Postos de Controlo que os israelitas mantém na Faixa de Gaza, que controlam a entrada e saída de palestinianos de e para os territórios ocupados. Vi, uma vez mais, a arbitrariedade, o desprezo, a prepotência, a desumanidade, o egoísmo, a superioridade elitista e bacoca com que os palestinianos são tratados. Vi coisas das que mais abomino, vi cenas que me chocam, e que são nota de exércitos e povos embrutecidos pelos (longos) anos de guerras e conflitos, insensíveis, cegos, surdos e mudos. Não pude deixar de pensar que, tanto no comportamento dos soldados, como no tratamento dispensado aos que nos postos precisam de passar para fazer a sua vida, existia algo de nacional-socialista (ou nazi, se quisermos). Mas apenas uma frase me ficou a ecoar no pensamento. Foi dita por um senhor, pequenino, já idoso, que tentava por todos os meios (especialmente pela simpatia e expressando o seu apoio aos soldados, dizendo que outrora também o foi, veja-se!) conseguir que o deixassem passar num desses Postos/Pontos de controlo, pois queria ir passar o Natal com a família.
Disse ele: "Sou escravo na minha própria terra". Há algo mais triste do que sermos odiados, termos a nossa liberdade, nacionalidade, cidadania, até a nossa dignidade, roubadas e subvertidas por quem nos ocupa?
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