Sic transit gloria mundi #7
Durante quase um século houve um equilibrio nos pratos de uma balança constítuida por ideologias denominadas por Esquerda e Direita, entre o Comunismo/Socialismo e o Capitalismo. Durante muito tempo, e como quase em todas as lutas políticas ou sociais, assistimos a uma luta de ideologias, transformada numa luta entre o bem e o mal, encarnando os blocos Norte-Americano e Soviético esses valores, velhos como o homem, que terão tido a sua génese, quem sabe, na história de Abel e Caim.
Houve um tempo em que uma união vermelha travou a expansão capitalista, agindo como factor de bloqueio a fenómenos hoje em dia corriqueiros, mas nem por isso menos abomináveis, garantindo assim que uma parte do planeta não fosse afectada por essa doença infecciosa a que se convencionou chamar consumismo. Agora, engolidos por bens materiais adquiridos com dinheiro de plástico, perdendo a identidade de europeus que nos caracteriza e adoptando cada vez mais os valores veículados pela super-potência vencedora da denominada Guerra Fria, deixámos de perceber com clareza quem nos quer mal. Esquecemo-nos que, não existindo uma (ideologicamente) verdadeira Esquerda, a Direita também deixa de existir (como ideologia), já que ambas estão intimamente ligadas. Antagonizam-se, contrapõem-se, mas confrontam-se, auto-desafiam-se na busca por um percurso. São, como Rómulo e Remo, indissociáveis.
Assistimos então à destruição diária do nosso modo de vida e da nossa cultura por valores, posturas, pensamentos que não são os nossos, que adoptámos dum modelo que procurou apenas veicular virtudes, sem que nunca nos apercebessemos que talvez houvesse algo mais. E eis que agora, desaparecido o factor equilibrador (o Pacto de Varsóvia), assistimos impávidos, talvez estupefactos, às invasões do Afeganistão e do Iraque, à reutilização de napalm (encapotado sobre outro nome, mas comprovadamente utilizado no Iraque ) sobre civis, aos atropelos e violações aos Direitos Humanos (perpetrados em Guantanamo, e sabe Deus em que sítios mais), pelo antigo melhor amigo e protector da Europa e do Mundo, antiga potência-polícia do Mundo, hoje exército ditador do mundo.
Afirmo desde já, que como Europeu, filho dum ponto do globo que viu nascer máximas como Igualdade, Liberdade, Fraternidade, não aceito submeter-me aos caprichos e às decisões do governo dos Estados Unidos da América. Exijo uma nova perestroika para a Europa. Uma política humana, racional, de cultura e educação, que forme cidadãos inteligentes, opinionados, informados, crentes na condição humana. Recuso, qual Espártaco dos tempos modernos, ser escravo dum povo e duma mentalidade não conforme, histórica e humanamente, com a minha. Reclamo emancipação e direito a viver numa Europa social, que acarinhe tanto os ricos e poderosos, como os pobres e doentes. Rejeito entrar numa nova Idade Média, regida pela guerra e carnificina, com vista ao controlo de novas terras e mercadorias (vide as ocupações do Afeganistão e Iraque e a exploração e expropriação de petróleo do último). Procurarei sempre afirmar-me Humanista, como um dia Erasmo de Roterdão. E utópico, como Rafael Hitlodeu. Procurarei acordar todos os dias com vontade de mudar o Mundo, estando consciente de que se calhar não conseguirei. Mas render-me... nunca.
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