:: verba volant, scripta manent ::
Um blog com conteúdos úteis [ou não] de um gajo que aprendeu a ler na semana passada
sexta-feira, abril 28, 2006
Sic transit gloria mundi #20
Desde sempre a sociedade capitalista e hoje a sociedade (também) consumista, a sociedade da Geração MTV que nos entra pela casa adentro, arrastando consigo a opulência e glorificação de quem tem e de quem possui.
«Uma subida apreciável nos salários pressupõeo rápido crescimento do capital produtivo. O rápido crescimento do capital produtivo exige o crescimento igualmente rápido da riqueza, do luxo, das necessidades e das satisfações sociais. (*) Por conseguinte, embora as satisfações do trabalhador tenham aumentado, a gratificação social que proporcionam dimínuiu em comparação com o aumento das satisfações do capitalista, inacessíveis ao trabalhador, e em comparação com a fase de desenvolvimento da sociedade em geral.»
(*) Este itálico é da minha responsabilidade, e não do autor, de forma a assinalar aquilo que me parece a ideia mais forte deste excerto.
in "Manuscritos Económico-Filosóficos", de Karl Marx
quarta-feira, abril 26, 2006
Sic transit gloria mundi #19
E depois do dia do ano em que acordo sempre mais livre e em que a vida me sabe melhor, vivo novamente com o meu PREC mental, diário e tão essencial à vida. Acordar todos os dias revoltado com o que está mal e lutar, à minha maneira, para que o mundo em que vivemos seja cada vez melhor.
quinta-feira, abril 20, 2006
sábado, abril 15, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
segunda-feira, abril 10, 2006
Sic transit gloria mundi #18
The president, star-splanged banner, pledge of allegiance et al:
«Um estado totalitário verdadeiramente "eficiente" será aquele em que o todo poderoso comité executivo dos chefes políticos e o seu exército de directores terá o controlo de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuída nos estados totalitários de hoje aos ministérios da propaganda, aos redactores-chefe dos jornais e aos mestres-escolas. (...) Os maiores triunfos, em matéria de propaganda, foram conseguidos não com fazer qualquer coisa, mas com a abstenção de o fazer. Grande é a verdade, mas maior ainda, do ponto de vista prático, é o silêncio a respeito da verdade.»
in "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley
«Um estado totalitário verdadeiramente "eficiente" será aquele em que o todo poderoso comité executivo dos chefes políticos e o seu exército de directores terá o controlo de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuída nos estados totalitários de hoje aos ministérios da propaganda, aos redactores-chefe dos jornais e aos mestres-escolas. (...) Os maiores triunfos, em matéria de propaganda, foram conseguidos não com fazer qualquer coisa, mas com a abstenção de o fazer. Grande é a verdade, mas maior ainda, do ponto de vista prático, é o silêncio a respeito da verdade.»
in "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley
quinta-feira, abril 06, 2006
Sic transit gloria mundi #17
Tomando em atenção as últimas opiniões de "especialistas" que referem que o Estado Social acabou e que será necessário encontrar novas caminhos económicos, consegue-se perceber claramente que o mais recente cataclismo que anuncia o fim do mundo como o conhecemos chegou.
Liberalistas, economistas, ideólogos ou simpatizantes de Direita não se cansam de queixar que "o modelo socialista arruinou a Europa" (a mim parece-me que o arruinou a Europa foi a excessiva dependência, que começou com o Plano Marshall, dos EUA). Urge encontrar um novo modelo. E nós, como bons portugueses, já estamos aí, prontos a seguir a última "onda" ou "tendência" mundial, como se parar para pensar, reflectir e analisar seja uma praga a exterminar. Parece-me a mim que a falência do modelo Estado social é, por enquanto, tão falsa como os rumores de que o petróleo está a acabar. Até ver, é apenas mais um mito urbano. Levanto apenas uma questão: será que o Estado social acabou mesmo? Ou apenas acabou como o conhecemos? Ou não acabou? Lembro-me sempre (e Freakonomics, de Steven Levitt e J.Dubner, ajudou-me a relembrar) que os especialistas e analistas direccionam os seus estudos e opiniões na direcção que mais lhes interessa, consoante o seu posicionamento político, social, profissional, entre outros factores (sem que isso implique que sejam todos desonestos).
Se se ler relatos acerca do que se fez com as especiarias vindas da Índia e com os dinheiros do lucro provenientes do comércio desse produto, se calhar é-se levado a perceber que o desperdício de capitais e boas oportunidades é (infelizmente) uma "questão genética" dos portugueses. Independentemente de se estar certo ou errado ao tomar opções e decisões, senão teriamos sempre de referir todas as questões controversas onde não existe acordo, como o aborto, a regionalização ou o que quer que seja, há que apontar numa direcção. Parece-me a mim que o nosso (e é nosso, mesmo que não se tenha votado nele) Governo está a fazê-lo. Tenta tomar medidas para mudar o estado de coisas, parece-me estar a tentar desenvolver cada vez mais mecanismos anti-fraude (fiscal, social etc), e de estar a promover o desenvolvimento de ferramentas de apoio à vida, como a formação e requalificação de desempregados e estudantes. Se resultará? Talvez sim, talvez não, mas teremos poder de voto e de decisão, no primeiro caso nas urnas, o segundo nas ruas, a lutar por aquilo que achamos ser o melhor para nós (ou pelo menos deveríamos fazê-lo).
Não acredito que um ambiente de rotura com o chamado "estado social", num cenário de crise e desemprego seja a melhor solução para estimular uma população e economia praticamente na miséria. 25% dos portugueses vive no limiar da pobreza, números que não são meus, infelizmente não estou em condições de adiantar quem chegou a esta conclusão, sei apenas que são reais. Parece-me apenas lógico que tal rotura apenas serviria para desamparar quem não tem amparo, para deixar quem não tem soluções e saídas num limbo de onde é díficil sair. Um bébé começa por gatinhar e depois, levanta-se e caminha. Esperemos que, primeiro, o país se levante e depois combata essa praga do socialismo e do Estado social. (Chamo à atenção dos mais distraídos que estou a ser irónico).
Não é possível apagar-se (todos) os erros cometidos no passado, a nível de governação e de escolhas políticas e sociais. Lembre-se que a Revolução de Abril foi à 32 anos, mas talvez a Revolução de Mentalidades comece agora. Em nome de um bem maior, e sem excluir ninguém, nem mesmo aqueles, que do ponto de vista teórico de economistas e homens do cifrão, se possam encarar como pesos-mortos. Se cada um fizer a sua parte, tornar-se-à bem mais fácil. Se os Governos poderem ou ajudar ou obrigar a fazê-lo, é de agradecer e aproveitar a oportunidade.
Liberalistas, economistas, ideólogos ou simpatizantes de Direita não se cansam de queixar que "o modelo socialista arruinou a Europa" (a mim parece-me que o arruinou a Europa foi a excessiva dependência, que começou com o Plano Marshall, dos EUA). Urge encontrar um novo modelo. E nós, como bons portugueses, já estamos aí, prontos a seguir a última "onda" ou "tendência" mundial, como se parar para pensar, reflectir e analisar seja uma praga a exterminar. Parece-me a mim que a falência do modelo Estado social é, por enquanto, tão falsa como os rumores de que o petróleo está a acabar. Até ver, é apenas mais um mito urbano. Levanto apenas uma questão: será que o Estado social acabou mesmo? Ou apenas acabou como o conhecemos? Ou não acabou? Lembro-me sempre (e Freakonomics, de Steven Levitt e J.Dubner, ajudou-me a relembrar) que os especialistas e analistas direccionam os seus estudos e opiniões na direcção que mais lhes interessa, consoante o seu posicionamento político, social, profissional, entre outros factores (sem que isso implique que sejam todos desonestos).
Se se ler relatos acerca do que se fez com as especiarias vindas da Índia e com os dinheiros do lucro provenientes do comércio desse produto, se calhar é-se levado a perceber que o desperdício de capitais e boas oportunidades é (infelizmente) uma "questão genética" dos portugueses. Independentemente de se estar certo ou errado ao tomar opções e decisões, senão teriamos sempre de referir todas as questões controversas onde não existe acordo, como o aborto, a regionalização ou o que quer que seja, há que apontar numa direcção. Parece-me a mim que o nosso (e é nosso, mesmo que não se tenha votado nele) Governo está a fazê-lo. Tenta tomar medidas para mudar o estado de coisas, parece-me estar a tentar desenvolver cada vez mais mecanismos anti-fraude (fiscal, social etc), e de estar a promover o desenvolvimento de ferramentas de apoio à vida, como a formação e requalificação de desempregados e estudantes. Se resultará? Talvez sim, talvez não, mas teremos poder de voto e de decisão, no primeiro caso nas urnas, o segundo nas ruas, a lutar por aquilo que achamos ser o melhor para nós (ou pelo menos deveríamos fazê-lo).
Não acredito que um ambiente de rotura com o chamado "estado social", num cenário de crise e desemprego seja a melhor solução para estimular uma população e economia praticamente na miséria. 25% dos portugueses vive no limiar da pobreza, números que não são meus, infelizmente não estou em condições de adiantar quem chegou a esta conclusão, sei apenas que são reais. Parece-me apenas lógico que tal rotura apenas serviria para desamparar quem não tem amparo, para deixar quem não tem soluções e saídas num limbo de onde é díficil sair. Um bébé começa por gatinhar e depois, levanta-se e caminha. Esperemos que, primeiro, o país se levante e depois combata essa praga do socialismo e do Estado social. (Chamo à atenção dos mais distraídos que estou a ser irónico).
Não é possível apagar-se (todos) os erros cometidos no passado, a nível de governação e de escolhas políticas e sociais. Lembre-se que a Revolução de Abril foi à 32 anos, mas talvez a Revolução de Mentalidades comece agora. Em nome de um bem maior, e sem excluir ninguém, nem mesmo aqueles, que do ponto de vista teórico de economistas e homens do cifrão, se possam encarar como pesos-mortos. Se cada um fizer a sua parte, tornar-se-à bem mais fácil. Se os Governos poderem ou ajudar ou obrigar a fazê-lo, é de agradecer e aproveitar a oportunidade.
Sic transit gloria mundi #16
No que toca à questão do aborto, e porque a minha visão é similar:
«No dia 22 de Janeiro de 1973, a legalização do aborto foi subitamente alargada a todo o país devido a uma sentença do Supremo Tribunal de Justiça norte-americano no caso Roe contra Wade. A opinião da maioria, escrita pelo Juiz Harry Blackmun, referia especificamente a possível situação futura da mãe:
O prejuízo que o Estado imporia à mulher grávida negando-lhe completamente esta escolha é visível. (...) A maternidade, ou o nascimento de mais um filho, pode forçar a mulher a uma vida e a um futuro miseráveis. Os danos psicológicos podem ser iminentes. A saúde mental e física pode ser afectada pela exigência de criar um filho. Há, também, que ter em conta a angústia, para todos os interessados, associada a uma criança não desejada e há o problema de trazer uma criança para uma família já incapaz de cuidar dela, sob o ponto de vista psicológico e sob outros pontos de vista.»
in "Freakonomics, O Estranho Mundo da Economia - o Lado Escondido de Todas as Coisas", de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner